Ela pode cometer erros, mas você não

Em um desses fins de domingos, comecei a atualizar La Casa de Papel e, logo no 1º episódio da parte 4, ouvi uma frase que soou muito real: “ela pode cometer erros, mas você não”.

Em resumo, Nairóbi, uma personagem importante e querida, tinha sido ferida e estava mais próxima da morte do que da vida, quando Helsinque, um de seus melhores amigos, disse para o líder, com todas as letras, que ela podia errar, mas ele não.

Instintivamente pensei que quem nunca sentiu essa expressão na pele, certamente, nunca esteve em posição de líder. E, claro, quem nunca esteve no lugar contrário e não quis dizer isso, ao menos uma vez, que atire a primeira pedra.

Liderar inclui automaticamente uma interdependência social, os direitos e obrigações se determinam em função do equilíbrio para todos os envolvidos. Palermo, líder julgado por ter errado, não foi repreendido simplesmente por cometer um erro, mas por seguir com o erro sem ser empático com o grupo.

Hoje, muito se fala sobre redução de riscos, mas ainda é inevitável. Antes de estarmos em qualquer posição que seja, somos humanos e, por via de regra, antes de acertar, nós somos naturalmente suscetíveis a erros. O gatilho dessa cena legitimou para mim que o que estima quem você é, na visão do outro, não é, propriamente, um ato errôneo, mas as suas ações que vêm depois. Nairóbi cometeu um erro, Palermo também, mas ele tinha obrigações maiores que as dela. Tudo na vida é assim, os desafios, as consequências e as cobranças são proporcionais ao que você propõe para você e, sobretudo, para o outro.

Raquel Rutinha

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