O que a vida pode ser!

A vida também traz oportunidades vestidas de decepções, dor e lamento. A vida também te convida ao novo com olhar de tristeza. A vida também te chama pra dançar dizendo “sim, eu sei, sinto muito!”. Talvez, as principais oportunidades que a vida tenha me mostrado, até aqui, foram nos momentos em que eu jamais aceitaria se a escolha dependesse só de mim. 

Sempre achei difícil me encarar de imediato quando o peito tá rasgado. Sempre tive medo de ver o tamanho do estrago. Sempre me assustei com o nó na garganta e sempre evitei o beliscar de cada ponto. Eu não sinto vontade de sair do poço quando tudo o que eu vejo é preto e branco. Mas é também, sempre nesse momento, que a vida vem e me colore. A vida através dos meus. A vida através do afeto, a vida através do que eu intrinsecamente sou e, por alguma pancada, havia me esquecido. A vida através desse jeito, pouco articulado, mas muito insistente, de dizer que não é pra se agarrar ao que passou, mas pra se abrir ao que pode ser. 

Dessa maneira, da última rasteira pra cá, depois de me reerguer do chão, depois de me despedir do que eu perdi de mim e jamais será de novo, depois de deixar o vazio me inundar e, só então, reaprender a nadar nas novas águas do que eu me transformei é que senti, na alma, que não tem problema perder o rumo. Não tem problema o meu canto ficar mudo. Não tem problema desconfiar que esse mundo já não seja tudo aquilo, porque, no findar de cada passado e no recomeço de todos os futuros, eu sempre aprendo e (re)invento a minha vida.

Raquel Rutinha

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