Eu tinha 19 anos e havia acabado de chegar. 1 histórico escolar, 100% de aproveitamento em uma redação de vestibular e um monte de incertezas sobre as minhas certezas.
A gente pisa na escola pela primeira vez e acha que tá conhecendo o mundo, mas quando chega o final a gente percebe que a única estrada que sabemos fazer é o caminho de casa.
Formei o ensino médio, encontrei minha paixão profissional, comecei a graduação e, ainda assim, me senti em um limbo durante muito tempo. Não existe almoço grátis para quem decide ser adulto e tenho certeza que senti fome muitas vezes até aprender a lição.
Então entrei no túnel, rumo ao breu em um corredor solitário, e recusei. Recusei festas e baladas. Recusei almoços em família. Recusei muitas e muitas noites de sono. Recusei o choro, a exaustão e a desistência. Recusei o desejo de me entregar ao sentimento de estar morta e quebrada em vários momentos desse crescimento.
Hoje, aos 22, ainda me sinto no começo, mas nada melhor que o final de uma curva para enxergar um sentido novo. Cada recusa que fiz, mesmo em conflito, foi o jeito que tive de apostar em mim todas as minhas fichas.
Dedico a mim esse texto por ter sido fiel à minha própria luta. Agora eu sei que nem se eu já tivesse ganho eu viveria sem toda essa vontade que tenho de voar e é bonito demais quando a gente segue um sonho e não quer mais voltar.
Raquel Rutinha